Instituições culturais do Rio mostram despreparo para receber turistas na Copa
Entre os
dias 12 de junho e 13 de julho, a previsão é que o Rio receba um tipo
de turista estrangeiro um pouco diferente do habitual. Serão pessoas
mais ricas, com média de idade de 35 anos, que em geral virão sozinhas
ou com amigos. Eles chegarão já com informações sobre a cidade,
adquiridas por guias e sites de turismo. E seus olhos estarão voltados
para as belezas naturais do Rio e, principalmente, é claro, para o
futebol.
Mas as
atividades artísticas não serão ignoradas. A cultura aparece em terceiro
lugar entre os interesses do perfil de um turista estrangeiro numa Copa
do Mundo, de acordo com uma pesquisa do Ministério do Turismo, feita
pela Fundação Getúlio Vargas em 2010, durante a Copa da África do Sul. O
estudo mostra que o turista que viaja para o evento é, sim, consumidor
de cultura. Mas, no caso do Rio, outro levantamento, este feito pelo
GLOBO entre os meses de março e abril, indica que os equipamentos
culturais da cidade não se prepararam para oferecer serviços aos
estrangeiros — do bilinguismo à programação.
Entre 15
dos mais importantes estabelecimentos do Rio visitados — casas de
shows, teatros e museus
—, apenas três têm sites bilíngues e oito têm
atendentes que falam inglês. A um mês do início da Copa, nenhuma das
instituições divulgou eventos formatados especialmente para o período.
Elas seguem com uma agenda de espetáculos ou exposições que poderia ter
sido programada para um mês de junho qualquer.
Museu de
Arte Moderna, Museu de Arte do Rio, Casa Daros e Museu Nacional de
Belas Artes não fazem venda on-line de ingressos para exposições, uma
facilidade comum em instituições mundo afora (o Centro Cultural Banco do
Brasil, entre as casas avaliadas, não cobra entrada para as mostras de
artes visuais). Nenhum dos cinco teatros (Imperator, Net Rio, Oi
Casagrande, Cidade das Artes e Municipal) tem sites bilíngues ou
atendentes que saibam se comunicar em inglês. Entre as casas de shows
(Circo Voador, Fundição Progresso, Vivo Rio, Miranda e Citibank Hall), o
turista que quiser se programar já para sua temporada na cidade terá um
cardápio restrito: duas delas, por exemplo, não antecipam em seus sites
sequer a programação a partir de 12 de junho.
Antecedência em Londres
Num
documento chamado “Proposta estratégica de organização turística — Copa
do Mundo 2014”, preparado ainda na gestão Lula, o próprio Ministério do
Turismo apontava a necessidade de planejamento na área: “Os atrativos
culturais possuem bastante singularidade e apelo turístico, mas precisam
de adequação para visitas de estrangeiros e trabalho de marketing para
utilização dos próprios moradores da cidade. A utilização de audioguides
em museus, por exemplo, ainda é incipiente e pode ser convertida em
instrumento para as variadas nacionalidades”.
Ouvida pela reportagem, boa parte das instituições promete se adequar até o início do evento.
—
Sinalização e atendimento bilíngues são dois pontos cruciais nessa
preparação para receber o turista estrangeiro — diz André Coelho,
especialista em turismo da FGV Projetos, que atuou no estudo realizado
na África do Sul.
A Copa
de 2010 atraiu 300 mil pessoas. Estima-se que o Brasil receberá o dobro:
600 mil estrangeiros durante a Copa, 10% do número de turistas que o
país recebeu no ano de 2013, quando 6 milhões desembarcaram por aqui.
Para Coelho, o visitante que vem para a Copa é um “ótimo cliente para a
cultura”. Por outro lado, tem pouco tempo para ir a espetáculos
artísticos — na África do Sul, um estrangeiro passou, em média, dez
noites no país, mas tinha três dias para fazer o chamado “turismo
adicional”, não ligado aos eventos esportivos. Lá, o tempo que não foi
preenchido pelo futebol foi usado para visitar parques nacionais.
Já em
outro evento esportivo de porte, os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012,
os equipamentos culturais foram preparados com antecedência para
receber os turistas. Segundo o professor de teatro e produtor inglês
Paul Heritage, três anos antes os promotores culturais londrinos já
debatiam o que poderia ser feito para aumentar a frequência de turistas a
museus, teatros e afins. Heritage esteve por trás da organização do Rio
Occupation London, programa desenvolvido pela Secretaria de Cultura do
Estado do Rio que levou artistas brasileiros para apresentações na
Inglaterra durante os Jogos, e que deve ser replicado nas Olimpíadas do
Rio, em 2016.
—
Londres fez um festival cultural de 12 semanas por causa dos Jogos.
Houve um comitê organizador apenas para a cultura, os eventos eram
planejados em função dos horários dos jogos — diz Heritage. — Mas as
Olimpíadas têm um objetivo de transformação, diferente de uma Copa. Vejo
mais a Copa como uma iniciativa privada, não uma construção coletiva.
Talvez por isso não haja uma programação para os equipamentos do Rio.
OPINIÃO:
Eu apoio a copa do mundo no brasil, ate mesmo para ajudar no
turismo do país e etc. Mas é complicado você sediar uma copa e não ter estrutura
suficiente, por que isso também vai repercutir mau e vai ser ate pior para o
país.
FONTE: http://www.unione.art.br
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