Capital é sede de novos planos de cultura globais
LUCAS SIMÕES
“A praça é do povo como o céu é do condor”. Marcada no cimento da praça
Sete há anos, hoje o poema de Castro Alves parece resumir bem a
ocupação cultural que Belo Horizonte vive nos últimos tempos. Em um
cenário onde o povo se tornou principal agente cultural de uma cidade
inteira, indo de encontro até com o poder executivo para isso, a Unesco
escolheu Belo Horizonte como cidade-piloto para análises do novo modelo
da Agenda 21 da Cultura – que desde 2004 condensa recomendações globais
para o desenvolvimento humano atrelado ao incentivo e à expansão
cultural.
Na capital mineira desde o último domingo, o consultor espanhol da
Unesco, Jordi Baltá, visita uma série de centros de cultura, além de
realizar encontros com agentes culturais da cidade até sexta-feira, dia
24. A ideia é que nesta semana ele possa analisar a aplicação dos oito
principais eixos da Agenda 21 da Cultura na capital – que envolvem
educação, ecologia, planejamento urbano, gestão, direito à cultura etc.
Depois das análises, o consultor será responsável por produzir dois
relatórios para a Unesco: um deles, que será disponibilizado na internet
como consulta pública, vai apontar a situação das políticas culturais
da cidade; o outro será um conjunto de recomendações específicas para a
Prefeitura de Belo Horizonte – que poderá ser partilhado com a sociedade
em uma escolha do próprio poder executivo. “Estive no Sesc, em um
centro cultural do Barreiro, onde conversei com mais de 20 pessoas sobre
cultura local. Esse é o contato que devemos ter. Tomamos Belo Horizonte
como exemplo pelo projeto Arena de Cultura, que conseguiu trazer
avanços culturais através da educação, um dos principais pilares da
Agenda 21”, disse o consultor.
O projeto Arena de Cultura foi criado em 1998, ainda sob a gestão do
então prefeito Patrus Ananias (PT), com o objetivo de levar oficinas de
dança, circo e música para adolescestes e crianças da cidade, estando
presente hoje em mais de 30 núcleos culturais. Apesar de ter sido
interrompido em 2009, a forte pressão popular pela evolução do projeto
fez com que as oficinas voltassem a acontecer em 2011.
Agora, segundo Janine Avelar, da Secretaria Municipal de Relações
Internacionais de Belo Horizonte, a proposta do governo municipal é
transformar a Arena de Cultura na Escola Livre de Artes, uma promessa
antiga, feita desde o início do projeto. “Vamos promover oficineiros a
professores e passar a dar aos alunos um certificado de formação numa
escola de artes de verdade – isso já estará valendo para 2015. Outras
evoluções, como a construção de uma sede para a escola, ainda terá
planejamento, porque nosso projeto é nos adequarmos totalmente à Agenda
21 num prazo de dez anos”, justifica Janine.
PRÊMIO. No próximo dia 11
de novembro, Belo Horizonte deverá receber oficialmente o Prêmio
Internacional CGLU, organizado pela Rede Cidades e Governos Locais
Unidos (CGLU), que tem sede em Barcelona e membros em 136 países
espalhados pelo mundo. A premiação é um reconhecimento pelo projeto
Arena de Cultura, que concorreu com outros 53 projetos culturais de
várias cidades do mundo como exemplo de promoção à cultura sustentável.
Paralelamente a isso, em março do ano que vem uma reunião global da
Unesco, em Bilbao, na Espanha, vai traçar diretrizes para a elaboração
de uma nova Agenda 21 da Cultura. “Vamos fazer uma atualização de
questões que passaram a ser importantes também, como a cultura na
internet, que precisa ganhar espaço no debate de políticas públicas”,
diz Jordi Baltá.
OPINIÃO:Acho importante que incentivem a cultura no Brasil, muitas pessoas não tem recursos e não conhecem muito esse assunto, e alguns projetos são ótimos meios de se conhecer.
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